Numa busca por
compreender e explicar o fenômeno criminológico e as consequências da atual
abordagem a ele dispensada, uma metáfora surgiu como uma forma de facilitar
este entendimento.
A metáfora
consiste no seguinte: Imaginemos que a sociedade é um “corpo humano” e cada
indivíduo é uma célula. Quando uma célula tem um comportamento diferente do
esperado ela pode desencadear uma série de reações deste corpo. Estas reações
seriam os fatos sociais. Então, as reações podem ser consideradas normais ou
sintomas de doenças. Assim, cabe ao Médico eleger aquelas reações aceitáveis ou
as que são sintomas de doença. Após este diagnóstico, resta ao médico eleger
qual será o remédio “adequado” para cada sintoma. Este médico equivale ao
legislador. A depender da formação, do interesse ou da linha doutrinária de
cada médico, ele vai optar por um tratamento natural (Chá, dieta adequada,
repouso) ou por um tratamento quimioterápico, que expurga do corpo as células
“anómalas”. O tratamento natural seria como a educação, cultura, assistência
social ampla. Já a quimioterapia seria o Estado policial, a própria polícia, o
encarceramento. Quando o Médico é voltado para o tratamento natural, ele atua
de forma preventiva, sem uso de drogas químicas. Então, a medicina natural e
preventiva seria a oferta de educação pautada em bons valores, cidadania e a
oferta de qualidade de vida de forma ampla; o que atingiria o máximo de
indivíduos, ou seja: evitando que células tenham comportamentos que provoquem
doenças. Mas tratamento natural não enriquece a Industria Farmacêutica, pois
sem doentes não se vende remédio. Da mesma forma que prover educação, conhecimento, assistência
social e qualidade de vida não enriquece os grandes capitalistas, pois
enfraquece a cultura do consumo (Consumo = Remédio = Drogas).
Observem que da
mesma forma em que nas escolas de medicina há um incentivo ao uso de terapias
farmacológicas em detrimento aos remédios naturais, na nossa formação acadêmica,
em geral, há um fomento à cultura de manutenção do status quo atual, tanto no
que tange a ideia de que a justiça e distribuição de assistência social é algo
humanamente impossível, quanto na defesa de rótulos, preconceitos, valorização
do TER em detrimento do SER... Logo nossos médicos acreditam que remédios
caseiros e naturais não funcionam, independente de sempre terem funcionado.
Então o processo de exclusão criminal começa quando nossos legisladores se
voltam a favor de interesses capitalistas, e valorizam a Economia e o Mercado
em detrimento do bem-estar Social e da defesa da qualidade de vida para todos.
Nossa medicina, por meio de seus médicos, cria doenças para vender remédios.
Elege os hábitos daqueles a quem querem oprimir como crime (doença), designa
tratamentos químicos (cadeia) para a massa, mas aos que gosta, buscam logo uma
“medicina alternativa”. Aos que gosta, adotam uma “medicina preventiva”,
ofertando-lhes educação, assistência médica e qualidade de vida. Mas, quando o
tratamento preventivo falha e uma célula a quem se tem apreço se comporta de
forma anômala, um chá resolve. Porém, aqueles que não gozam do apreço da
“indústria farmacêutica”, além de não terem acesso à qualquer ato de prevenção
de doenças, sempre que apresentam os sintomas eleitos como doença, são
submetidos aos tratamentos com as drogas mais pesadas. Se para uns, uma
transpiração é uma reação natural do corpo ao calor, para outros, logo é
diagnosticado uma “sudorese excessiva”, e o tratamento mais pesado é receitado.
Nossa justiça tem dado demonstrações diárias da desigualdade de todos perante a
Lei (ou CID – Classificação Internacional de Doenças).
Onde está,
então o problema da criminalidade? Penso que enquanto colocarmos o interesse da
“Industria farmacêutica” como prioridade em relação aos interesses da Saúde
Coletiva. Enquanto nosso Médicos forem formados e exercerem a medicina voltada
para criar doenças e vender remédios. Enquanto não se adotarem medidas de
prevenção às doenças, sempre teremos muitas células cancerígenas e a
quimioterapia será inevitável.
Precisamos de
uma educação voltada para a caridade, cidadania e respeito ao próximo além da
crença de que esta educação dará certo. Precisamos de Legisladores que de fato
representem os interesses do bem coletivo e que legislem em prol do povo. Só
assim poderemos diminuir o uso de tratamento químico (polícia), diminuir a
necessidades de UTI (presídios) e veremos que muitas vezes, para aqueles poucos
que realmente adoecem, um chá (penas alternativas, medidas sócio afirmativas,
políticas de redução de danos) já curaria a doença.
Jalba Santiago dos Santos Segundo!