Lemnbrando que a ultima frase sempre é um link para uma música relacionada ao post.

sábado, 23 de novembro de 2013

Dialética entre Regina e Chico. O Esquenta do Pedro Pedreiro (viagem musical) !

               Neste mês de novembro, mês da consciência negra, muita ideia relacionada às questões sociais e às mesquinharias humanas afloraram em minha cabeça. Muito ouvi falar sobre liberdade religiosa, público alvo do sistema penal brasileiro, preconceitos dos mais diversos tipos... Nos diversos debates e diálogos que participei, sobre as questões raciais, um assunto foi recorrente: as críticas ao programa Esquenta, apresentado por Regina Cazé (ou Casé), como sendo o programa mais racista da TV atual, foram sopradas aos quatro ventos.

               Apesar de nunca ter assistido ao programa na integra, já que minha TV só funciona para jogar videogame e exibir filmes há 3 anos, pelo muito que ouvi e pelos fragmentos deste programa que as vezes fui obrigado a "apreciar", pude constatar que o Esquenta é a cara do Brasil. Infelizmente!

               Black is beautiful! Mas ele é lindo em qualquer condição. Exercendo qualquer profissão e atividade. o "Black" é tão lindo e capaz quanto qualquer outra cor ou etnia. Diferente do que prega, o Esquenta, o negro pode ocupar qualquer lugar na esfera social. Ao menos deveria ser assim, mas não é! Esse é o motivo do Esquenta ser a cara do Brasil. Neste pais existe um "Apartheid disfarçado todo dia..". A banda Adão Negro foi certeira quando afirmou que o negro quando se olha não se vê na TV ou, nas poucas horas que se vê, está sempre na cozinha. Qual a cozinha do negro? Funk (que aqui é bem diferente do de James Brow), pagode, esportes (preferencialmente o futebol), dança... Todas essas cozinhas são perfeitamente celebradas pelo Esquenta. O triste é que olhando para fora da caixa iluminada, vemos esta máxima televisiva se repetir fora da ficção. No Brasil "O negro segura a cabeça com a mão e chora!" Basta olhar para os colégios particulares, faculdades públicas, cargos de direção e gerenciais nas empresas... 

               Olhe ao redor! No Esquenta, no Brasil, só cabe ao negro o papel de Pedro Pedreiro. Pior, é que de acordo com a ideia do "plim plim" este Pedro Pedreiro, que quase nunca é penseiro, deve se orgulhar e festejar o fato de ficar esperando o trem. Como bem afirmava Chico Buarque, essa ideia deve ser propagada e sacramentada... Os Pedros Pedreiros devem esperar o trem que nunca vai passar, "para o bem de quem tem bem". Mas não cabe ao Pedro Pedreiro ter bens. A realidade é que pensando ou não, na atual conjuntura de "democracia racial brasileira" Pedro sempre ficará para trás. Pedro não deve pegar o trem, nem o trem e nem o bonde da história. Pedro deve aceitar a sua condição e esperar. Esperar o Carnaval, onde ricos se divertem dentro das "cordas grandes" e ao final do cortejo (que raramente é afro) vários Pedros vão varrer as latas que outros Pedros não conseguiram catar. Vão varrer os espetinho que tantos outros Pedros conseguiram vender, pois não cabe ao Pedro Pedreiro curtir o Carnaval que ele tanto ficou esperando. Na melhor das hipóteses ele vai trabalhar criando e produzindo a música (pagode, funk, axé...) ou tentando transmitir segurança num ciclo de Pedro prendendo Pedro para inglês ver. A mão do "Pedro" passava a vida limpando o que o branco sujava...Imagina só! Mas essa é a triste realidade! 


               Então Pedro (Preto, pobre, mulato, quase branco ou quase preto de tão pobre), só lhe cabe aceitar a sua condição de figurante nesse programa da vida real, onde o Diretor não é Pedro. Aceite e se contente com a espera eterna do do trem! Estão conseguindo lhe vender a ideia de que não é sensato esperar alguma coisa mais linda que o mundo. Por mais que facilmente qualquer coisa seja mais linda que o pobre mundo que lhe dão acesso. Entenda de uma vez por todas que o Deus do céu da Africa do Sul não está sendo forte o suficiente para tornar vermelho o sangue daqueles que pensam ter sangue azul. Faça como o Pedro Pedreiro da música de Chico Buarque!
(...)

Pedro pedreiro tá esperando a morte
Ou esperando o dia de voltar pro Norte
Pedro não sabe mas talvez no fundo 
Espere alguma coisa mais linda que o mundo


Maior do que o mar, mas prá que sonhar se dá
O desespero de esperar demais
Pedro pedreiro quer voltar atrás
Quer ser pedreiro pobre e nada mais, sem ficar

Esperando, esperando, esperando
Esperando o sol, esperando o trem
Esperando aumento para o mês que vem
Esperando um filho prá esperar também

Esperando a festa, esperando a sorte
Esperando a morte, esperando o Norte
Esperando o dia de esperar ninguém
Esperando enfim, nada mais além
Da esperança aflita, bendita, infinita do apito de um trem


               A verdade é que só lhe cabe, Pedro, aceitar... ou lutar! Não cabe a Reginas, Josés, Luizes, Fernandos, ou qualquer outro decidir isso por você! 

Você Pedro (negro) pode ser qualquer coisa além de Pedro Pedreiro

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Sincretismo Agnóstico

Acordo praticando bondade
Ao desejar, sincero, bom dia.
Supero qualquer agonia.
Me salvo pela caridade.

Iansã que me proteja!
Sigo na fé de Jesus Cristo.
Por mais que pareça esquisito
Apelo para superar a peleja.

Da memória, passa longe...
No momento da alegria.
Agradecer ao meio dia?
Só mesmo se eu fosse um monge!

Buda, Krishna, Maomé...
Me cobram boas atitudes.
A fé também pega no pé.
Pecado fragiliza a saúde.

Me pergunto: O que importa?
Jesus amaldiçoou o Templo.
Mas nas rua, a todo momento
Há um pastor em uma porta
Te convidando para dentro...
Em nome dos dez por cento!

"Oh Deus! Onde estás que não responde!"
Quem era o Deus  do navio negreiro?
Será que Deus é brasileiro?
Onde será que Deus se esconde?

Mas Deus está em todo lugar!
Na beleza, em cada esquina.
Na presa da ave de rapina.
Tudo se há de glorificar.

Mas pra mim é diferente!
Não se mostra em alegoria
Se mostra no dia a dia...
Num bom pensamento, que se acende.

Em cada gesto ou boa maneira.
Sem nomes, rótulos ou bandeira.
Num sorriso sem hipocrisia...
No boa noite, boa tarde ou bom dia!

Jalba Santiago doa Santos Segundo