Lemnbrando que a ultima frase sempre é um link para uma música relacionada ao post.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Mentir a verdade!

Quem disse que só escrevo o que sinto?!?!
Para proteger a mim e aos outros, minto!
Mas reservo minhas mentiras para a poesia.
Já farto daquelas do dia a dia.

Muitas vezes a inspiração é tamanha.
São questões sagradas... profanas.
Prender-me à verdade na explanação
É tolher a fluidez da criação.

De mentira, gasto toda a minha cota.
Não comprometo ninguém em meus esquemas
Só minto ao escrever poemas.
Diferente, do que em outros, se nota.

Se é um fingidor, o poeta...

Fora da poesia, sou o contrário.
Não me igualo a político salafrário.
Nem tento me fazer de profeta.

Na prosa e na oratória é diferente.
Se não cabe a verdade, me calo.
Quando me pressionam, nada falo.
Não sirvo de "alimento" ao descrente.

Mas nada de escrever só o que sinto.
Minto, minto minto e minto.
E de tanto mentir, acredito.
E acabo por fazer poesia, o que vivo.
E tenho dito!

Jalba Santiago dos Santos Segundo





quarta-feira, 6 de junho de 2012

A banda até acabou. E os sonhos??????

               Associar um cheiro, um sabor, uma música à certas lembranças é algo muito comum. Hoje, ao escutar uma música, uma avalanche de fatos e sentimentos ocuparam minhas memórias.Fatos e sentimentos que ocorreram em uma determinada época de minha vida. Talvez a época onde eu conseguia ser realmente eu, sem medos, remorsos ou arrependimentos. Minha juventude... Saudosa juventude! Saudosa?

               Houve um tempo em que eu tinha certeza. Onde tudo era claro e fazia sentido. Nesta época, tudo o que eu desejava era, apenas, mudar o mundo. Mas mudar o mundo é fácil, qualquer um faz. Eu queria mais! Queria mudar o mundo para melhor! Para melhor era o verdadeiro desafio. Mais interessante ainda é que, nesta época, eu tinha convicção de que conseguiria. Para mim, o infinito e o eterno eram tão atual e verdadeiro quanto a realização dos sonhos. Tudo era muito lógico. Se algo era correto, bastava dar apoio. Se algo era errado, só me cabia protestar. Eu era muito bom nisso, até porque, eu era forte, muito forte (na minha cabeça funcionava assim). Longe, era de fato, um lugar que não existia. Medo... O que era medo? Não havia medo em meu vocabulário. Muito menos na minha forma de me expressar. Fazia poemas, manifestos, críticas; muitas críticas. Trastejou, o "pau comia"! Ninguém escapava, políticos, diretores de escolas, mulheres esnobes, homens cafajestes... Nada passava em branco. Ah! Minha juventude não foi em vão. Nela eu soube usar meus "super poderes" para combater ao máximo os "podres poderes" exercidos pelos homens (caetanamente falando). Então, naqueles tempos, eu versava em discussões homéricas, com meus colegas (tão jovens e "poderosos" quanto eu), sobre qualquer assunto. Enxergávamos os problemas, e melhor, tínhamos as soluções. Naquela época o tempo custava a passar. Conseguíamos estudar, namorar, brigar, fazer as pazes, se embriagar, criticar e ainda nos sobrava tempo para "solucionar" os problemas do mundo. Sonhávamos em ser independentes para, então, realizar a GRANDE MUDANÇA. Os nossos problemas... Esses eram de pequena monta e, obviamente, ficaram para depois.

               Então, o depois passou a ser o agora. Emprego, contas a pagar, filhos, família, saúde... Como diria Renato Russo; "Ter carro do ano, TV a cores, pagar imposto, ter pistolão / Ter filho na escola, férias na Europa, conta bancária, comprar feijão / Ser responsável, cristão convicto, cidadão modelo, burguês padrão" A nossa, tão sonhada, independência chegou. Infelizmente ela ocupou todo o tempo que tínhamos para resolver os problemas do mundo e que então era usado na vã tentativa de resolver os nossos, no tão famigerado "aqui e agora". Não posso negar que a praticidade da vida adulta,nos priva dos "super poderes" da juventude. Mas, também, não deixo de me questionar: E os sonhos?

               Hoje tomo consciência de que "naqueles tempos", toda aquela revolta e ímpeto por justiça, eram nada mais que o processo de formação dos meu valores com base na decodificação das informações que eu captava. "Sonhar mais um sonho impossível / Lutar quando é fácil ceder / Vencer o inimigo invencível / Negar quando a regra é vender"... Esses versos de Chico Buarque, tomam atualmente outras proporções. "Não podemos perder a capacidade de se indignar..." Dizia Israel, um professor de redação "daqueles tempos". Essa frase me marcou de tal forma que apesar dos medos, remorsos e arrependimentos que carrego atualmente, sinto que abandonar os sonhos de outrora significará trair a mim mesmo e acrescentar mais medo, remorso e arrependimento à minha vida. Aquilo que se representava por muita ação com pouco valor, hoje se faz de uma ação mais objetiva pautado nos meus atuais valores, formados pelos elementos daquela época. 

               Tenho plena consciência de que não vou conseguir mudar todo o mundo. Mas tenho a convicção de que os problemas que dependem de mim, deve ser resolvidos. O "mundinho" onde eu consiga interferir, deve ser um mundo melhor. As pessoas que eu possa influenciar, devem observar somente bons propósitos em minhas ações (tenho que servir de exemplo para meu filho). É bom ser bom! Já dizia meu pai. "É minha lei, é minha questão / Virar este mundo, cravar este chão / Não me importa saber / Se é terrível demais / Quantas guerras terei que vencer / Por um pouco de paz". 

               Naquela época, eu saia andando por Salvador, com um walkman no ouvido ao som de Smashing Pumpkins, acompanhado de amigos que, também iriam mudar o mundo. Hoje esta banda até já acabou. Mudar o mundo não é mais a prioridade dos meus amigos, tanto os de hoje como os daqueles tempos. Mas por sorte, isto não quer dizer que o sonho acabou! ;)